Sou e serei sempre admirador profundo das gentes simples do povo, que no fundo é onde estão as minhas raízes, a que me orgulho de pertencer.
E por isso hoje, vou recordar com saudade, um grande homem do povo, falecido já há alguns anos e que muito fez pelo meu Goulinho.
Esse homem chamava-se António Lourenço Duarte, nos anos cinquenta, sem apoios ou subsídios, ( nesse tempo não havia esses luxos ) montou de raiz uma serração de madeiras, e fabricação de móveis.
Mais tarde sabendo das dificuldades que o povo tinha, em moer os cereais, ( milho e centeio ) principalmente nos meses de verão, época em que a água na barroca escasseava, montou uma moagem de farinha.
Vinha gente de outras terras nomeadamente da Gramaça, Porto Silvado, Barroja, Cimo da Ribeira, Aldeia das Dez e muitas outras terras, trocar os respectivos cereais por farinha.
Este homem foi o maior empregador da nossa Freguesia, e grande amigo do Goulinho, foi graças ao seu dinamismo que o Goulinho teve energia eléctrica mais cedo, que qualquer outra aldeia da Freguesia.
Gostava da sua terra, das suas gentes, o seu pensamento era fazer crescer o Goulinho, ao ponto de lotear uma parcela de terreno, para facilitar os nossos conterrâneos com vontade de construir uma casa, na sua terra o pudessem fazer.
Homem crente na fé, ofertou para a nossa capela, a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem em agradecimento á Virgem, pelas muitas viagens que os seus motoristas faziam sem qualquer acidente.
Quem convivesse de perto com o Ti António, não passava fome, havia sempre um bocado de broa, uma lasca de bacalhau, um bocado de queijo, ou presunto, e uma boa malga ( tigela) de vinho.
Se este homem estivesse hoje entre nós, não tenho dúvidas que o Goulinho teria outra dinâmica , e digo com toda a frontalidade, se no Goulinho, alguém merecia ter o seu nome numa das nossas ruas, o Tio António era o primeiro, manifestei este meu desejo em local próprio, ás pessoas envolvidas na escolha dos nomes a atribuir ás nossas ruas, (mas como nestes casos é , “eu quero posso e mando” ) o meu desejo não foi concretizado, o erro fica na consciência de alguém…
De Célia lourenço a 13 de Fevereiro de 2012 às 18:02
Caro Sr. António Assunção,
Apresento-lhe os meus cumprimentos.
Não é a primeira vez que o sr . faz alusão, neste seu blog, à figura de António Lourenço Duarte. Sempre que a faz é no sentido de homenagear o homem e a obra.
Como descendente directa sinto-me no dever de agradecer as suas palavras e o seu reconhecimento. Devo-lhe o agradecimento porque é dos poucos que tem a humildade suficiente para reconhecer mérito ao homem que mais fez pelo desenvolvimento do Goulinho .
Escrevi recentemente que a fábrica que António L. Duarte estabeleceu no Goulinho e que começou a laborar com cerca de dez operários chegou a ter, no início da década de 60, vinte e dois, tornando-se assim uma indústria significativa na zona e a maior empregadora da freguesia. Este empreendedorismo (palavra hoje na moda) de António L. Duarte seria, à época, uma originalidade na região e uma possibilidade de emprego rara. Devemos ter presente, se a memória não for curta, que as décadas de 50 e de 60, período áureo do Estado Novo, foi um tempo marcado pela miséria e pela carência de emprego.
Mas a personalidade intrépida do meu avô não era só marcada pela tenacidade e pela enorme capacidade de trabalho, era profundamente marcada pela generosidade, como o sr . salienta. Ainda hoje uma pessoa residente no Goulinho o intitula “pai dos pobres”porque ela e muitas outras pessoas usufruíram, muitas vezes, dessa capacidade de dar que lhe era intrínseca.
Concordo consigo, ninguém que já viveu ou vive no Goulinho merecia mais do que ele o nome de uma rua. Seria o reconhecimento da terra e dos vindouros a alguém que faz parte do passado mas foi marcante como nenhum outro.
Lamento que a maioria dos goulinhenses não o tenha sentido assim.
Reitero a minha gratidão à sua voz e à sua homenagem.
Célia Lourenço
De
Lourdes a 23 de Fevereiro de 2012 às 00:32
Uma bonita homenagem a um grande homem.
beijinhos
Lourdes
De Anónimo a 24 de Fevereiro de 2012 às 14:55
É realmente de lamentar que os homens de hoje não saibam reconhecer o valor dos antepassados que deram o seu máximo pelo desenvolvimento das suas terras de origem.
Chama-se a isto vistas curtas ... estes não são dignos daqueles.
Honremos a memória de quem merece.
F.P. A.
De
Andesman a 4 de Março de 2012 às 19:56
É pena. É pena que essas pessoas partam e deixem um vazio, pois já não há muitas pessoas assim. Mas,é ainda mais pena que haja pessoas que se recusam a reconhecer o valor de outros mesmo depois de estes terem partido. Felizmente o sr. AA têm memoria e gratidão.
Um abraço e saude para si e familia
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