Os nossos amigos
Um pouco de mim… como todas as crianças ao fazermos os sete anos era altura de entrar na escola primária. Eu entrei na escola de Vale de Maceira, franzino, frágil, filho de Mãe solteira (mas uma grande Mãe que soube ser Mãe e Pai ao mesmo tempo) fui para a escola sozinho, com medo e envergonhado. No primeiro dia acho que todos estávamos a sofrer do mesmo mas os dias foram correndo e fui-me adaptando ao novo ambiente só que para mim esses dois anos não foram fáceis.
Como já atrás disse eu não tinha Pai e por esse motivo no caminho de e para a escola era motivo de chacota pelos outros miúdos e miúdas, por esse motivo havia sempre escaramuça porque eu não gostava de ouvir as coisas que eles me diziam e então era o bombo da festa pois não poucas vezes me batiam. Mas há males que vêem por bem… A minha Mãe adoeceu e teve que ir para Lisboa fazer tratamentos dai a minha ida para a capital e ai sim fui bem tratado pelos colegas e nunca senti descriminação.
Naquele tempo os alunos que entravam na primeira eram juntos com as outras classes ou seja a segunda terceira e quarta classes e uns poucos já a fazer a admissão ao liceu tudo isto feito pela mesma professora. Hoje reconheço que os professores dessa época eram uns grandes senhores a ensinar e a manterem a disciplina por vezes a menina dos cinco olhos trabalhava. Mas meus amigos a ordem reinava e a aprendizagem essa também estava garantida como todos nós sabemos o ser humano não é igual e havia alguns alunos que ou porque estavam menos atentos à matéria dada ou porque o poder de assimilação era inferior aos restantes da classe acabavam por repetir o ano, mas todos chegavam ao fim com a quarta classe que era o exigido na época.
Eu no Vale de Maceira só andei até à segunda classe, a terceira e quarta já a fiz em Lisboa na escola 68 na Rua da Penha de França junto a Sapadores.
E aqui tive uma grande história que me marcou para toda a vida muito pequeno serviu para que passasse a ser mais responsável.
Com vários meses já de cidade e de escola, no caminho que fazia de casa para a escola ( ninguém me ia levar ) eu passava pelo Quartel do Batalhão de Telegrafistas na Rua de Sapadores. Um belo dia ao ver os soldados a marchar sentei-me a observar e faltei á escola. Fiz isto três dias seguidos… Ao quarto dia veio a empregada auxiliar da escola a minha casa perguntar por mim à minha Mãe dizendo que eu já não ia á escola há três dias. Sendo questionado pela minha Mãe por onde é que tinha andado os três dias respondi a verdade, que tinha estado a ver os soldados a marchar. Mal acabei de falar já estava a enfardar com umas boas bofetadas por tudo o que era sitio ouvindo um belo sermão. Disse a minha Mãe “hoje vou levar-te á escola” assim foi e ao chegar à sala de aula a minha mãe contou o que se passou ao meu professor e disse “senhor professor faça o que deve de fazer para ele não repetir a aventura” mal a minha mãe saiu o professor Morais não foi de modas deu-me duas galhetas uma dum lado e outra do outro. Era um homem pequenino mas tinha naquelas mão uma velocidade que cá o rapazinho ficou sem vontade de ver os soldados a marchar… foi cura radical nunca mais faltei á escola!
Meus caros leitores imaginem esta cena nos dias de hoje!!! Em que o aluno bate ao professor e se o professor falar só um pouco mais alto para o aluno esse vai fazer queixinha aos papás o professor ralhou e gritou comigo. Vai logo o papá ou mamã à escola dizer ao professor o senhor nunca mais grita com o meu filho pois psicologicamente ele ficou muito afectado isto se não partirem para a agressão ao professor.
Enfim tudo isto para dizer que o professor não educa, o professor ensina pois a educação tem que vir de casa. Até digo mais o Ministério da Educação nos dias de hoje devia de chamar-se do Ensino e não da Educação essa nomenclatura tinha razão de assim se chamar de educação mas era na minha geração que ai sim o professor ensinava e ajudava a educar ao mesmo tempo.
Bem sei que vou ter comentários dizendo que nesse tempo o ensino era muito rude e os professores abusavam da autoridade que tinham. Mas quem os faz de certeza que gostam da bandalheira que hoje temos em que já nem por faltas se chumba. tudo hoje é muito fácil e com muita falta de respeito.
Espero por dias melhores.