Os nossos amigos
Todas as crianças aprendem na escola a importância de proteger o ambiente, a necessidade de
apostar na sustentabilidade e a aplicação dos 5 R’s (Recusar, Repensar, Reduzir, Reutilizar e
Reciclar). São matérias obrigatórias aprenderem sobre a reciclagem, nomeadamente as cores
correspondentes a cada contentor (destacando-se: verde – vidro; amarelo – plástico; azul –
papel).
No entanto, aparentemente a importância do ambiente nas nossas aldeias não é um dever
cívico, nem sequer um direito, uma vez que a maior parte das aldeias não possui sequer
ecopontos. Por aqui, apenas a sede de freguesia (Aldeia das Dez), pode fazer reciclagem, a
restante freguesia, nomeadamente, Avelar, Chão Sobral, Goulinho , Gramaça e Vale de
Maceira (Santuário de Nossa Senhora das Preces), ficam de fora…
A Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão, entidade responsável pela recolha
dos resíduos na nossa freguesia, aparentemente escuda-se nos custos inerentes a uma recolha
dos resíduos diferenciados nas restantes aldeias da freguesia.
Apesar dos esforços inegáveis do nosso Presidente da Junta, acérrimo defensor da reciclagem
e da proteção do ambiente, como a melhor herança a deixar aos nossos netos, a solução não
está à vista.
Seria assim tão complicado uma recolha ainda que quinzenal nas aldeias mais populosas da
freguesia como o Chão Sobral? E uma recolha mensal ou mesmo trimestral nas aldeias mais
pequenas?
Note-se que segundo o site da Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão, esta
disponibiliza, um serviço gratuito de recolha porta-a-porta de resíduos específicos, que devido
ao seu volume e composição não devem ser depositados nos contentores de RSU. Que custos
terá este serviço para a AMR Planalto Beirão? Ou será que se algum cidadão da nossa
freguesia, por exemplo, na Gramaça ou Chão Sobral o requisitar, também será recusado, por
estar muito longe e não compensar?
É um imperativo moral disponibilizar este tipo de serviços às populações, não basta falar e dar
infraestruturas às pessoas nos grandes centros urbanos e deixar como sempre esquecidas as
pequenas aldeias…
Note-se que como se comprova pela fotografia, nos contentores de RSU tem a instrução de
que no mesmo não se deverá colocar vidro, remetendo o mesmo para os ecopontos... Ora se
não existem ecopontos disponíveis, o que se faz com este tipo de resíduos? Guardamos em
casa? Deitamos nos contentores na mesma, incumprindo o estipulado? Ou como já foi
sugerido levamos de carro para a sede de freguesia, pressupondo esta solução que todos têm
meio de transporte para o fazer, quando bem sabemos que algumas pessoas até para irem ao
médico têm que recorrer a transportes públicos ou mesmo táxis.
Todas as pessoas enchem a boca para falar de ambiente, sustentabilidade, alterações
climáticas, consumo consciente, reciclagem, mas depois na prática, apenas nos grandes
centros urbanos existem infraestruturas adequadas…
Temos todos que protestar, ser vozes ativas na proteção de um planeta que não é nosso, que
apenas temos emprestado durante alguns anos e que passa para os nossos descendentes…
Infelizmente quem fala é contestatário, mas quem cala e nada faz é conivente com o estado
das coisas e não pode depois lamentar-se…