Os nossos amigos
Era ainda uma criança
E com muito sacrifício
Com treze anos apenas
Foi aprender um oficio
Pelas sete da manhã
A minha Mãe me chamava
E se eu não acordava
Logo minha Mãe ralhava
Esfregava eu os olhos
Lá me punha eu em pé
Direitinho á cozinha
Para comer o café
Saia então de casa
A caminho da serração
Ia a brincar com um arco
E uma gancheta na mão
Confesso não era parvo
Eu gostava de saber
E tudo o que me ensinavam
Eu gostava de aprender
Tive mestres muito bons
A honra ninguém lha tira
Com eles aprendi um oficio
E ser um homem na vida
O meu grande professor
Mora no Vale de Maceira
Foi com ele que eu aprendi
A trabalhar a madeira
Chama-se Vasco Lourenço
Homem de bom coração
Deixo-lhe aqui um abraço
E um grande aperto de mão
Ao tio António Lourenço
Também quero agradecer
Esteja onde estiver
Nunca o irei esquecer
Cresci e vim para a cidade
E mudei de profissão
Eu queria subir na vida
Era grande a ambição
Muitas dificuldades passei
Foi uma vida a correr
Mas com a graça de Deus
Eu acabei por vencer
Hoje estou velho e cansado
Mas para aliviar a canseira
Eu voltei ao meu Goulinho
Manusear a madeira
A quem comigo trabalhou
Na cidade ou no Goulinho
De vós eu não me esqueço
Vós recordo com carinho.
ANTÒNIO ASSUNÇÂO