Os nossos amigos
Chegou o Inverno, está frio, e a aldeia está coberta de neve, quase que em todas as casas, sai fumo das chaminés. É sinal que há gente em casa, a fogueira está acesa , a aldeia é habitada maioritariamente por gente de idade avançada, não se pode sair á rua, os ossos ficam enregelados, mas há sempre quem tenha que o fazer por obrigação, tem que se dar de comer a quem tem fome
há quem tenha animais nos currais, cabra ou ovelha, coelhos ou galinhas , são seres vivos e por estar o tempo invernoso não podem deixar de ser alimentados. Também se tem que ir á rua, buscar a lenha á loja, para fazer o reforço do canto da lenha, para queimar ao serão, que nesta altura do ano é grande, ás cinco da tarde já é noite. Estas idas á rua, leva-nos a ter alguns cuidados, o chão torna-se escorregadio e é bom que se não dê nenhuma cambalhota, na rua o cheiro é a fumo, mas agradável nesta altura do ano.
A lareira serve para nos aquecer , e dar mais algum conforto á casa , e também se aproveita para fazer a comida , na panela de ferro de três pernas, a comida feita nestas panelas tem outro sabor, por ser feita com um calor mais lento, em relação á comida feita a gás.
Um caldo de couves, com mistura de feijão, com um naco de carne de porco, ou então um bom chouriço cá da terra, é de comer e chorar por mais.
O gato tareco, também se deita ao pé da fogueira, é tão friorento, que até já tem a ponta do rabo queimada, o ronronar do tareco até dá sono.
O silêncio da noite é quebrado, com o bater da neve nos vidros da janela, e daquele vento que vem lá da serra, que provoca um tal zunido, que mais parece um assobio.
O mais grave, é faltar a luz da EDP, o que normalmente acontece, sempre que chove, ou o vento sopra mais forte, e raramente é reposta com a rapidez desejada, o que devia de ser, porque nós pagamos, e se o não fizermos então ai é cortada de vez, mas como felizmente somos bons pagadores, exigimos que a EDP faça uma revisão ao ramal que nos abastece, porque algo de errado se deve de estar a passar.
Com a falta da energia eléctrica, o serão é desconfortante, a ceia é feita á luz da vela, não há TV, não há Rádio, voltamos á Idade Média, com falta de tudo isto, e só com o calor da fogueira, começa a chegar o José Pestana, (o sono) e somos forçados a ir mais cedo para o vale de lençóis, (cama). Até o relógio da capela, deixa de tocar as Avé-Marias , por falta de energia eléctrica, o relógio também é o companheiro das noites grandes de Inverno, é assim que se passam os dias e noites de Inverno, no meu GOULINHO