Os nossos amigos
Em breve no meu Goulinho tal como em todo o pais as vindimas fazem parte da cultura do nosso povo. No Goulinho longe já vai o tempo que na época das vindimas a azáfama era tamanha desde o lavar os barris apertar os arcos enfim prepará-los para receberem o precioso néctar. No campo era ver os grupos de homens e mulheres a cortarem os cachos enquanto outros os transportavam em cestas feitas de verga para as dornas onde um homem ou rapazes descalços faziam a pisa da uva . Hoje esse ritual já só é feito infelizmente por meia dúzia de produtores a quem eu chamo os últimos resistentes se bem que esteja a aparecer gente que ama a sua terra e luta para que as silvas não tomem conta da terra. Para esses eu deixo aqui os meus parabéns tais como o Dr. Carlos Lourenço e ao seu filho Francisco que há cerca de um ano ou dois plantaram uma belíssima vinha com videiras seleccionadas. É de gente como esta que o nosso Goulinho precisa bem sei que para se tirar rendimento do investimento feito vai demorar algum tempo mas nem sempre o lucro é o mais importante, pois o sentimento e o respeito por aqueles que já partiram faz-nos sentir mais felizes .
Espero que outros Goulinheses sigam o exemplo destes nossos amigos para que a paisagem do nosso Goulinho seja mais verde e por hoje é tudo vou deixar aqui um pequeno poema alusivo á uva e ao vinho a que eu chamo poema da minha adega.
Videiras que eu pisei.
Videiras que eu vi crescer.
Videiras que eu plantei.
Do meu vinho vou beber!
Das uvas que eu pisei…
O coxo fica a andar.
O cego passa a ver.
O mudo começa a falar.
O analfabeto consegue ler.
O triste volta a cantar.
O surdo fica a ouvir.
O bebé nasce a falar.
Ficará sempre a sorrir.
Tristeza nunca vai ter.
Inteligente será
Quem deste vinho beber!
António Assunção