Os nossos amigos
O céu é percorrido por nuvens espessas e escuras que correm pelos ares vindas não se sabe bem de onde e a irem não se sabe bem porquê... Fogem também elas do vento frio que sopra nos nossos cabelos e que enregela as nossas faces, tonando os nosssos narizes quase que pequenas pedras de gelo que apenas descongelam no conforto do lar. Ouvem-se os sons do ribeiro que corre na barroca, saltitando contente com as águas que vieram das chuvas dos últimos dias... No ar os odores familiares das fogueiras que se misturam com o de terra e ervas molhadas. O fumo das chaminés espalha-se pela aldeia formando figuras estranhas ou apenas fiapos de cinzento a juntar-se às cores escuras que cobrem agora os montes... Verdes carregados da cor do musgo e castanhos escuros são agora as cores predominantes que servem de enquadramento à nossa aldeia.
Dentro das casas aquele cheiro a fogueira e fumo, que se entranha em nós mas ao qual estamos tão habituados que nem notamos senão qundo nos afastamos daqui. Sentamo-nos à lareira e sentimos o corpo a aquecer aos poucos, ouvimos os estalidos da madeira e o crepitar do lume, sentimos o cheiro da comida a fazer... e sentimo-nos em casa. Invade-nos uma sensação de conforto e paz, a quietude de um porto seguro longe da tempestade lá fora... Chove! Ouve-se o tilintar da chuva nas janelas com força e o rugir do vento...
Deixo-me ficar aqui sentado simplesmente a apreciar com os sentidos este Inverno que está a chegar ao meu Goulinho...