Sempre que a Primavera está a chegar, as minhas encostas enchem-se de vida e cor. Desde as flores e o verde da natureza, até ao chilrear incessante dos passarinhos. Preparam-se os ninhos para a chegada de novas vidas e com elas a esperança da continuidade.
Nestas alturas surgem-me certas questões… Onde está a minha juventude? Ou até como se pode classificar hoje em dia quem é jovem, em aldeias tão envelhecidas? Houve tempos em que as minhas ruas fervilhavam de vida e irreverência! Eles tinham sonhos, acreditavam em mim e queriam participar na minha renovação, no entanto como tantas vezes acontece, os “mais velhos” e “sábios” não os quiseram ouvir, melhor ignoraram as suas vozes e sugestões, afinal eram apenas “miúdos”! Esta forma de tratamento acabou por os afugentar, não aproveitaram a fase do idealismo e esperança, pisaram-lhe os sonhos e ideais, e no fim acabaram por os perder! Quantos ainda cá voltam? Por quanto tempo? Os seus filhos alguma vez me irão conhecer como os seus pais? Duvido… Na nossa vida existem momentos que nos definem como pessoas, e aquela fase critica poderia ter determinado um envolvimento pessoal comigo e com aquilo que eu represento para toda a vida, no entanto o tipo de atitudes tomadas tiveram o efeito inverso de indiferença e até alguma mágoa.
Espero apenas que ainda consigam corrigir os seus erros, mas as mentalidades por vezes são difíceis de alterar… Para quem conhece alguém desde que nasceu, é difícil ver neles algo mais do que os “miúdos” que andavam por ali a correr, apesar de hoje já terem 30 anos, uma vida organizada, família e carreira profissional. Geralmente ouvem-nos mas não os “escutam”…
Existe igualmente a nova juventude, que deverá ser encorajada e louvada na sua participação. Não os tratem como crianças a quem dão certas tarefas para eles andarem entretidos, sem chatearem os “adultos”. As pessoas muitas vezes correspondem apenas às expectativas que têm delas, se esperam o mínimo para quê esforçarem-se? Atribuam tarefas que as responsabilizem e simultaneamente lhes demonstrem confiança nas suas capacidades, provavelmente irão surpreender-se…
Acredito que o problema geral da sociedade é a falta de responsabilização e de fé em que somos capazes de fazer melhor, os nossos objectivos devem ser mais ambiciosos, temos que acreditar em nós e nos outros… Afinal ter esperança no futuro e naquilo que somos capazes! Como disse alguém recentemente: “Yes, we can!”.