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Domingo, 20 de Julho de 2008

Baú de Memórias: A Quinta do Boco

Hoje estou muito bem disposto e decidi mais uma vez abrir o meu baú de memórias para o poder partilhar convosco: nos anos 50 a Quinta do Boco ainda era habitada recordo-me ainda do tio Henrique, do tio Alexandre e mulher, do Antonio do Boco (como era conhecido) sua mulher e filhos. Mas o passar do tempo é impiedoso e aos poucos o Boco foi-se desertificando, uns levados pela morte e outros pelo desejo de uma vida melhor...

 

Mas o cultivo da quinta lá se foi fazendo com os moradores do Goulinho, uns como proprietários, outros rendeiros para lá iam todos os dias "deitar o gado", como se diz cá na terra ou seja pôr o gado à solta nos prados e levar as cabras e ovelhas a pastarem no mato, trabalho quase sempre da incumbência dos mais novos antes de irem para a escola e no regresso da mesma, deixando os trabalhos de casa para serem feitos à noite...

 

 

 

Os adultos logo pela manhã iam roçar um molho de mato para servir de cama aos animais, mato esse que se transformava depois em estrume para os campos. Na Quinta do Boco cultivava-se maioritariamente milho, feijão, algumas batatas e centeio. Os terrenos maiores eram lavrados com juntas de bois, lembro-me ainda como se fosse hoje do Sr. Cipriano, mais tarde o Sr. Carmindo e do Tio António Silva do Chão Sobral que com as sua juntas de bois vinham dar uma ajuda nos chamados "dias de lavrador". Este era o dia em que eram lavrados os campos, era quase um dia de festa pois fazia-se a melhor comida para ofertar ao lavrador e aos outros trabalhadores.   Normalmente a dona do terreno ou a rendeira trazia a comida numa cesta à cabeça, era colocada no chão uma manta por cima uma toalha (a mais bonita que tivessem), cada um se sentava onde podia quer fosse em cima de uma pedra ou mesmo no chão. Era servido bom presunto, chouriço de carne, de sangue ou farinheiras, bacalhau frito, queijo rijo ou fresco tudo regado a vinho. Havia também quem trouxesse feijoada, grão com bacalhau e até pão de ló, era enfim um verdadeiro dia de festa. O tipo de comida servido bem como os ornamentos apresentados distinguiam mais uma vez as classes sociais e representavam a posição social que cada um detinha na hierarquia local.

Finda a lavragem ou a cava (quando feita por grupos de homens e mulheres), o milho era semeado, mais tarde sachado (tirar as ervas), depois enleirado e empalhado (regado). Qundo já estava criado, cortava-se a bandeira (flor no cimo da cana do milho), as folhas e as bandeiras eram estendidas para secarem para por vezes serem vendidas ou não consoante as ovelhas que os propietários tivesem, uma vez que se fossem muitas era o alimento que em dias de chuva os animais comiam

Por vezes quem ali cultivava passavam ali o dia e para não virem ao Goulinho levavam uma "bucha" de casa que era constituida por azeitonas, toucinho, choriço ou queijo ou coziam lá umas batatas. Só regressavam a casa á noite, mas durante o dia durante as lides era uma alegria ouvir aquela gente cantar cantigas daquela época muitas vezes ao desafio uns com os outros. Era um trabalho duro mas muito alegre que o Boco nunca mais voltará a ver... Hoje ao ver os campos cheios de silvas com muitos castanheiros a precisarem de limpeza recordo com nostalgia aqueles tempos que já lá vão... Alegra-me que ainda hajam resistentes que mesmo não tendo residência permanente no Goulinho ainda vão limpando o que podem... O Boco agradece-vos!

 

 

Publicado por vozdogoulinho às 16:26
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