Já há algum tempo, o meu pensamento anda muito transtornado, com o que vejo aqui do meu pedestal, a idade faz-me pensar na vida e na vida dos meus filhos, que aqui nasceram e nos netos, que já são muitos espalhados por este país à beira mar plantado.
Mas são esses netos e bisnetos, que me preocupam no meu dia-a-dia, na minha velhice, lembro-me que já em 1758 segundo o que li na informação paroquial, eu tinha como companheiros 101 moradores, hoje já só tenho como residentes permanentes, incluindo o meu vizinho e amigo Casal Cimeiro, cerca de 20 residentes, a maioria já de muita idade.
Estou de facto muito preocupado, sinto que a muito curto prazo vou ficar sozinho, numa aldeia muito linda, mas que de certeza se vai transformar numa aldeia fantasma onde as silvas e os animais rastejantes, vão chegar às portas das minhas lindas habitações.
Será que os senhores por nós eleitos e que fazem parte, dos poderes instituídos, desde a Junta de Freguesia, Câmara Municipal e o nosso Governo Central, não têm olhos para ver que o interior deste país está desde já há muito tempo a ficar totalmente desertificado. Estamos a perder a nossa cultura, a nossa identidade, os nossos usos e costumes, ou seja, a nossa riqueza.Porque não criar leis, acompanhada de incentivos para que seja estimulada e reactivada a nossa agricultura, os terrenos abandonados passarem de novo a serem produtivos, quem o não quiser fazer ou não poder ser obrigado, a deixar que outros o façam sem perderem o direito à propriedade, de modo a que as pessoas muitas delas reformadas, mas ainda com boa saúde a viverem nas grandes cidades pudessem através desses incentivos regressarem às terras da sua origem. Para isso ter sucesso, temos que reactivar novamente os centros de saúde, ou criar viaturas ambulatórias, devidamente equipadas com pessoal médico e outros técnicos de saúde, de modo a que de quinze em quinze dias ou de mês a mês, percorreriam as várias aldeias, evitando que os residentes se tivessem que deslocar, por vezes sem meios de transporte, e quando existem são caros, e nem sempre os horários se ajustam aos horários das consultas. Incentivar por exemplo professores, ou outras profissões, que quisessem viver nas pequenas aldeias, subsidiá-los por exemplo na isenção de pagamentos de rendas. Promover feiras de artesanato nas aldeias que mostrem ter interesse nesses eventos.
Incentivar a pastorícia criação de cabritos e borregos apoiando gente que se quiser candidatar. Muitas mais ideias aqui podia deixar… Mas será que os nossos eleitos em quem nós confiamos o nosso voto só ocupam os lugares para receberem os altos vencimentos e se aposentarem com reformas chorudas?
O dever desses eleitos é mostrar serviço por colocarem ideias em prática e se não têm meios ao seu alcance peçam a quem de direito porque há coisas que estão à frente dos nossos olhos não precisam de puxar muito pela mente.
Eu até penso que esses senhores já nasceram em berço de ouro… nunca viveram no campo, nunca sentiram as dificuldades da vida e por isso não têm a real ideia do país em que vivemos só pensam nas cidades… o resto é paisagem e se conhecem o interior é só das passeatas e das almoçaradas.
Fico à espera… mas não demorem muito tempo um dia a história será feita e não queiram participar nela pelos maus serviços prestados.
De A. Madeira a 8 de Maio de 2009 às 12:05
Estou inteiramente de acordo com as suas preocupações. As nossa aldeias estão a desaparecer.
Na minha aldeia, (Torroselo) a desertificação é uma realidade que, não vai ser fácil de travar.
Sem trabalho e, sem perspectivas de o arranjar, são cada vez mais os jovens que buscam emprego noutras paragens.
Veja-se as últimas notícias de despedimentos em Seia e Oliveira. Tanta gente com muitos anos de casa e, de um momento para o outro, ficam sem trabalho, sem indemnização e, com um subsídio de desemprego que mal dá para comer.
Descobri há alguns dias o seu blog. Prometo que vou continuar a ser seu leitor. Sou um apaixonado pela nossa região e, nunca me esqueço das minhas origens, onde regresso sempre que posso.
De ANTONIO ASSUNÇÃO a 8 de Maio de 2009 às 13:34
Meu caro e Senhor Madeira, antes de mais muito obrigado pela sua visita ao nosso humilde blog . Não à divida que a crise está ai, mas também à por ai muito empresário que a coberto da crise, tudo serve para despedir. Nunca esteve tão bom para despedir, alguns não tinham ninguém na família que desse continuidade ás empresas, como a crise chegou não querem tirar do mealheiro o que lá tem guardado, e então fecham portas o governo devia de poder ver as contas bancárias de alguns empresários que fecham as portas, mas como o governo está do lado dos que mais tem veja por exemplo o caso das reformas na segurança social não injectaram dinheiro obrigara-nos a trabalhar mais anos mas para a banca já arranjaram dinheiro. Para aqueles que não fecham nunca esteve melhor despedem os que não gostam e empregam outros a baixo preço porque quem está desempregado precisa é de emprego não tem poder negocial esta é a minha opinião da situação actual. Mais para quem muito tem pouco ou nada para quem nada tem.
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